ENTREVISTA RICARDO BERNA
(Edição 04 - Fevereiro de 2011)
Ricardo Berna nasceu em São Paulo, tem 31 anos de idade e uma história marcante no Futebol Brasileiro. Em 2001, após se recuperar de uma lesão foi convidado a integrar o time do São José Esporte Clube na posição de goleiro titular. O time encontrava-se na zona de rebaixamento do Campeonato Paulista da série A-2. Com muito empenho, Ricardo Berna ajudou a equipe a chegar às semi-finais e se consolidou como atleta profissional.
Viveu no final de 2010 um momento especial na carreira. Ganhou espaço no Fluminense e conquistou o título de Campeão Brasileiro. O título foi o segundo de Berna com a camisa do Fluminense. Ele terminou o campeonato com apenas cinco gols sofridos em nove jogos. O goleiro ajudou o Tricolor a ter a defesa menos vazada da competição.
O jogador mantém uma forte ligação com São José dos Campos, já que sua família mora aqui na cidade.
Jornal Urbanova: Ricardo, quais são as recordações do tempo em que jogou no São José?
Ricardo Berna: Sempre me lembro dos amigos que fiz lá. Outras coisas marcantes foram o espírito de luta do grupo, que chegou às semifinais do Campeonato Paulista e a conquista que foi lotar o Martins Pereira e resgatar a autoestima da torcida que ficou tanto tempo longe dos estádios devido às más campanhas em campeonatos anteriores. E me lembro também das dificuldades, principalmente, em relação às condições de trabalho – muito disso por causa da falta de investidores –, o que me deixa muito orgulhoso por estar onde estou hoje.
JU: Em sua visão, o que falta para o São José conquistar o acesso à Série A-1?
RB: Sem um planejamento adequado fica difícil realizar um trabalho de qualidade e convincente, além é claro, da dificuldade de atrair investidores. Não sei como está a dívida do clube, mas sei que isso também pode ser um empecilho. Não conheço as pessoas que estão administrando o clube atualmente, mas, acredito que boas campanhas e um trabalho sério da diretoria devolverá a credibilidade e fará com que as empresas da região, que é muito forte economicamente, acreditem no clube e passem a investir mais no São José. Com a entrada desses investimentos tenho certeza de que o São José voltará à elite do Campeonato Paulista.
JU: Você começou o Brasileirão de 2010 como 3º goleiro, como surgiu a oportunidade de se tornar o titular?
RB: Sempre esperei minha oportunidade. Nunca abaixei a cabeça por não estar jogando, ao contrário, isso me deu mais motivação para treinar fortemente e me preparar para quando a minha chance chegasse, pois sempre confiei muito no meu potencial. Além disso, Muricy sempre falou que acredita no trabalho e eu também penso assim. Sabia que minha hora iria chegar e veio no clássico contra o Botafogo. Fiquei sabendo na preleção, quando Muricy me comunicou. Foi uma alegria enorme, mas também uma grande responsabilidade, pois era um clássico na reta final e não poderíamos mais errar. Ainda bem que deu tudo certo.
JU: Qual a sensação ao saber que contribuiu de forma significativa para a vitória do Fluminense?
RB: Muito boa. Depois da conquista da Copa do Brasil e dois vice-campeonatos com a Libertadores e Sul-Americana, passei a batalhei pela conquista de um título como titular com a camisa do Fluminense. E ele veio com o Brasileiro. Graças a Deus pude contribuir muito como no jogo contra o Inter. Mas o título é de todo o grupo. Como ajudei em um ou dois jogos, Washington foi importante fazendo gols, Emerson com o gol do título, Fernando Bob, Marquinho, Tartá, Cássio que seguraram a onda quando alguns jogadores mais experientes ficaram fora do time e nem preciso falar de Conca e Muricy, não é? Esses dois talvez sejam os grandes responsáveis pela nossa conquista.
JU: Quais são os planos para sua carreira a partir de agora?
RB: Primeiro renovar com o Fluminense. Quero continuar no clube e espero o reconhecimento da diretoria depois de uma boa temporada e um título brasileiro. Também quero conquistar a Libertadores e o Mundial de Clubes como titular pelo Fluminense para marcar ainda mais meu nome na história do clube. Minha expectativa é jogar por muitos anos ainda, só penso em parar com quase 40 anos.